terça-feira, 5 de abril de 2016

Governistas e legalistas

Os adversários ativos do impeachment de Dilma Rousseff compreendem, a essa altura, duas grandes categorias: os "governistas" e os "legalistas" - e todos querem vencer a batalha sem ter de renunciar a suas visões sobre a crise atual e, menos ainda, sobre as perspectivas futuras. 

Detalhe importante: eles não gostam de ser confundidos - o que, convenhamos, é não apenas justo como muito salutar.

De modo geral, os "governistas" são filiados ao Partido dos Trabalhadores e sua área de influência; os "legalistas" incluem uma variada mescla de ativistas de esquerda, a maioria, talvez, sob a influência do PSOL, além de uma grande quantidade de democratas e socialistas independentes. 

A estes dois grupos se somam, evidentemente, milhões de eleitores de Dilma Rousseff fieis ao seu voto, embora passivos. 

As manifestações de 31 de março deixaram entrever - não tanto por seu tamanho quanto por sua diversidade social e política - que a ação unificada de "governistas" e "legalistas", arrastando atrás de si o eleitorado em geral, é a única maneira de impedir que a Presidência seja usurpada pelos estafetas parlamentares do empresariado organizado, na forma do impeachment sem crime de responsabilidade ou, o que dá quase no mesmo, que o impeachment seja derrotado à custa da partilha da Administração Pública brasileira entre o rebotalho do rebotalho da representação política desse mesmo empresariado; em outras palavras, de tornar-se o governo liderado pelo PT ainda mais refém (se é que é possível) do inimigo comum do que foi com o PMDB!

O que nos leva a uma preocupação: o PT pretender que o governo dê uma guinada à esquerda, sob a batuta de Lula, depois de vencer a batalha parlamentar do impeachment com uma tropa de algumas dezenas de "picaretas" (quem não se lembra?) fisiológicos, pode ser o início da aventura populista referida por este blogueiro na recente postagem "O ocaso da Nova República: Constituinte e cenários alternativos - um esboço" (24-03-2016) http://avebarna.blogspot.com.br/2016/03/o-ocaso-da-nova-republica-constituinte.html

A "saída pela esquerda" é, antes de qualquer coisa, vencer a batalha do impeachment pela via da mobilização democrática da maioria. E quem tem os meios para promovê-la são, antes de todos e principalmente, o PT e o PSOL. 

É agora ou nunca: é preciso constituir um Comitê Nacional SUPRAPARTIDÁRIO Contra o Impeachment! 



2016-04-05